Não é ser aleijada. Não é ser cadeirante. Não é ser deficiente.

Em agosto de 2006, quase fui a óbito (claro que eu não sabia!). Minha verdadeira história, o que eu realmente passei dentro do hospital (e eu não sabia), dores e perigos...fui saber muitooooooo depois que recebi alta e já não corria risco de vida.
Tantas lutas e dores que passei por ali, mesmo assim não desisti de viver, mesmo assim nunca desisti de continuar tentando... Meus pensamentos e força de vontade estavam sempre voltados aos meus pais, pois vi o quanto eles sofriam com medo que eu partisse.
Apesar de não conversarem comigo o que estava acontecendo, eu conseguia saber algumas coisas (ou desconfiava) através dos olhos deles, do olhar triste que eles tinham.
Sei que receber a noticia que sua filha nunca mais vai andar, não é fácil! Deve ser difícil pra “dedeu”.
Acredito que minha mãe ainda não aceite, pois tenho uma vida bem limitada por conta dos meus espasmos. Tenho um sonho de poder fazer uma cirurgia para acabar com isso, para poder ter minha total independência e mostra-la que hoje sou mais feliz que antes. Claro, com algumas moderações! Mas consigo lidar com a cadeira e tirar ela de letra!


Meu maior problema, não é ser aleijada. Não é ser cadeirante. Não é ser deficiente. (São três termos que você usa e eu não me importo! Fica a dica).
Minha cadeira não me tornou inválida e nem tirou minha liberdade. Pelo contrario!
Sem minha cadeira estaria presa em cima de uma cama, sem poder sair, passear, namorar e me divertir. Continuar minha vida!
Não é? To mentindo? J
Então...meu maior problema não é usar uma cadeira, é poder comprar uma! Já que usarei a minha por tempo indeterminado, que compremos a melhor e mais confortável.
Mas infelizmente não é fácil e barato, custa em torno de R$ 10 mil reais! Sim, cadeira de rodas é cara e um valor absurdo! (Não é motorizado, esse valor!).
Junto com o gasto com uma cadeira de rodas, vem os gastos com remédios que são de uso continuo e não podemos parar! O uso também do material para cateterismo (sonda de alívio para fazer xixi, para os leigos no assunto rsrs), muitos de nós não conseguimos pela Secretária de Saúde da cidade e precisamos comprar!
E a infecção urinária que insiste nos perseguir??? Sim, nós “cadeirudos” somos vítimas dessa “mardita” infecção!
Aí vem o drama dentro de casa, a adaptação! Tudo é muito caro e se quisermos a mudança precisamos começar em nós e dentro de casa. Uma casa sem adaptação para o cadeirante é muitoooooooo desconfortável, desagradável e desconfortante. A minha não esta 100%, mas vai chegar lá! J
E o pior...nunca tive uma enxaqueca e agora que estou na cadeira, tenho tudo que única imaginei ter.
Sempre fui uma garota saudável, com uma saúde de ferro! Infelizmente com a lesão fiquei frágil e esse péssimo ano de 2014 (corta para 2015 PLEASE), quando me olhei no espelho vi a morte e vi os olhos de alguém que vi morrer da mesma maneira. Achava que daquele dia não passaria, que todos os exames que ali fazia, todos os tratamentos estavam sendo em vão...
Pois há 14 anos, eu pude ver minha segunda mãe morrer olhando nos olhos dela. (minha vó materna)
Estou com o mesmo problema da minha vó, com os mesmos sintomas e antes dela partir pude olhar dentro dos olhos dela e saber que ela não aguentaria.
Muitas das vezes, pensei que também não voltaria ou acordaria no outro dia. Felizmente estou aqui e contando essa experiência.
Ainda não passei pela cirurgia, mas o médico me liberou para ficar um pouco em casa descansando e sair um pouco do ambiente hospitalar. (Eu precisava muito!)
Estou em casa (preocupada ainda, claro!) esperando a cirurgia que esta marcada para daqui uma semana, mas creio que o pior já passou. (Amém)

Quando tudo esta perdido, sempre existe um caminho...


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