Boa
tarde leitores, hoje temos uma história de vida, que servirá de exemplos para
muitos de nós.
Essa
história lembra-me muito do caso Ângela Diniz, uma socialite brasileira na
década de 70, que foi assassinada pelo seu namorado em uma casa na Praia dos
Ossos em Búzios RJ.
Aqui
está um vídeo para relembrar do fato.
Após
37 anos, as coisas ainda acontecem e não vigiamos quem amamos e nem quem nos
ama, simplesmente, nos entregamos a outra pessoa achando que encontramos o
homem ou a mulher da nossa vida. Pois não é apenas a mulher que corre o risco,
na década de 50 teve o caso da Fera da Penha, uma amante com ciúmes do seu
namorado, sequestrou a filha de apenas quatro anos e colocou fogo na criança.
Hoje esses monstros estão soltos por ai como se nada tivesse acontecido.
Antes da lesão |
Eu
e a Mery (Josimery) conversávamos pela madrugada e ela começou a comentar
comigo que queria que o caso dela tivesse ido para o Linha Direta, eu disse que
o Linha Direta já acabou tem alguns anos, mas tem outros que ela poderia
divulgar, que eu poderia escrever a história dela e quem sabe com os
compartilhamentos chegaria até as autoridades maiores e programas para ajudá-la
psicologicamente e financeiramente. Espero que vocês leitores, ajudem
compartilhar. Pois não só ajudará a Mery, mas sim alertar todas as pessoas ao
nosso redor.
(Vanessa)
Como tudo começou?
(Mery):
Janeiro de 2004, 19 anos.
Meus pais se separaram eu tinha 13 anos fiquei
morando com meu pai, pois seria melhor para meus estudos. Depois de terminar os
estudos eu decidi fazer cursinho para poder encarar o vestibular, foi ai que
vim morar com a minha mãe. Antes de vir morar com a minha mãe, eu sempre ia
passar as férias e datas comemorativas com ela.
Já tinha visto e conversado com ele (autor do
crime), mas não tinha amizade alguma. Ele chegou a querer se reaproximar, começou
a querer chavecar e eu disse “nunca você vai me ter”. Até cheguei xingar ele.
Depois da lesão |
Quando vim morar com a minha mãe. Sai com uns
amigos e em uma dessas baladinhas, encontrei ele. Ele se aproximou e me chamou
para dançar com ele, eu acabei indo dançar. Dança, aqui, dança pra lá. Foi ai
que desse forró veio música romântica e então com corpo coladinho rolou o
primeiro beijo. Quando a balada acabou, ele foi me deixar em casa. Quando nos
despedimos ele logo me convidou para um churrasco no outro dia na casa de um
amigo dele, eu disse que se eu fosse eu ligaria para ele. Entrei em casa
pensativa, pois em uma das vezes que vim visitar minha mãe, eu disse pra ele
que ele nunca me teria e ainda o xinguei. Então eu não fui ao churrasco, mas
quando ele chegou ele foi direto para minha casa me convidando para jantar, já
era domingo à noite.
(Vanessa) Então seu namoro começou a partir desse jantar?
(Mery): O dia da balada foi dia 3 de janeiro de
2004 e ele me pediu em namoro dia 4. Ele era o homem dos sonhos de toda mulher,
me levava para jantar, lembrava do dia que fazíamos aniversario de namoro, me
dava belos presentes, abria a porta do carro, me dava flores tudo que eu
queria, nem pedia ele já me dava.
(Vanessa) E quando começou os ciúmes?
(Mery): O ciúme ele já demonstrou na primeira
semana, pois fazia curso a noite, ele me levava e buscava. Aquilo já estava me
sufocando, foi quando comecei a conversar com ele sobre isso e ele me disse que
já estava gostando muito de mim. Logo surgiu o meu primeiro emprego, ele disse
que eu não precisava trabalhar.
(Vanessa) Quando começou a trabalhar você deveria ter contato
com outras pessoas, principalmente do sexo oposto, certo?
(Mery): Isso! Foi ai que ele não admitia. Na
hora do almoço ele ligava para eu almoçar com ele, eu tinha que ir se não já
achava que estava traindo ele. Foi a partir daí que começaram as brigas.
Saíamos na rua, as pessoas “Oi Josimery”, eu
oi. Ele quem é essa pessoa ein Mery? Eu explicava que ele tinha que parar com
isso pois eu trabalha em uma operadora de telefone, lidava com as pessoas no
dia-a-dia.
(Vanessa) Ele chegou agredir alguém?
(Mery): Só chegava e perguntava, “o que você
quer com a minha mulher?”. Se sentia meu dono, discutia sempre com muitas
pessoas.
Eu amava dançar, se eu lhe disser que namoramos
8 meses e saímos umas 3 vezes, você não acredita. Quando chegamos a sair, ele
ficava na minha frente, não deixava eu olhar para lado nenhum, só para o rosto
dele, eu dizia que ia ao banheiro, ele “vamos?”. Eu disse, você não quer entrar
também? Ele ficava me olhando sério e depois sorria.
(Vanessa) Você sofreu alguma agressão?
Foto do Google |
(Mery): Foi aí que íamos para casa, eu entrava
e ele perguntava quem era aquela pessoa que falou com você, eu tentava
explicar. Foi ai que veio o primeiro murro, não foi tapa leve, foi forte o
soco. Se ele me visse falando com mulher era recado de homem, se eu falasse com
homens era alguém que eu já estava traindo ele. Já tinha virado uma obsessão.
(Vanessa) Com essa primeira agressão você não falou com sua
família, não falou com algum amigo ou foi até a polícia?
(Mery): Sim falei para a minha mãe, mas eu ia
trabalhar com o rosto roxo. Muitos viam e perguntavam o que tinha acontecido,
eu dizia que eu tinha batido meu rosto em algum lugar. Pois assim que ele me
batia se arrependia na mesma hora ele dizia, “desculpa amor, não era a minha
intenção”. Até chorava me pedindo perdão. Eu dizia que não dava mais, ele dizia
por favor, não me deixa.
(Vanessa): Mas você o perdoava por amor ou medo?
(Mery): Não tinha medo dele, mesmo sabendo que
ele tinha uma arma.
(Vanessa) O que fazia você continuar com ele?
(Mery): Se eu disser para você que eu não
gostava, estarei mentindo pra você. Gostava dele, por isso que não deixava.
(Vanessa) Ele era envolvido em alguma coisa para ter uma
arma? A arma era legalizada?
(Mery): Não era legalizada e nem trabalhava em
lugar pra poder ter uma arma.
Uma vez ele me levou no curso a noite, ia
passando uma menina deficiente. Aí ele me disse se um dia você me deixar ou me
trair, não vou lhe matar só vou deixar você que nem essa menina aí. Eu olhei
para ele e disse o que? Ele começou a rir e me abraçou dizendo, “amor eu não
tenho coragem e começava a sorrir”.
(Vanessa) Em que ele trabalhava?
(Mery): Ele trabalhava em uma empresa como
montador de eletricidade, ele tinha sido promovido para algo, mas não me lembro
o que.
(Vanessa) E as agressões continuaram?
(Mery): A última vez que ele me bateu antes da
lesão, ele me viu conversando com três colegas perto de casa, quando entrei ele
estava no meu quarto. Minha mãe e meu padrasto não estavam em casa. Eu tinha
acabado de chegar do cemitério, estava no enterro da minha bisavó. Ele disse,
“o que você estava fazendo com aquele pessoal?”. Eu disse que estava apenas
conversando. E ele me agrediu novamente, só que dessa vez eu fui pra cima dele,
eu já estava cheia dele. Mas uma mulher não aguenta com homem, então nesse dia
ele me bateu muito. Eu andava pela casa, ele me batendo e eu dizendo que não o
queria mais, mandando ele embora e ele falou, “você tem que me respeitar”.
(Vanessa) Nossa, sem palavras nunca me imaginei em um
situação dessas.
(Mery): É amiga, não foi fácil. E foi um
namorado de apensas 8 meses.
(Vanessa) E depois? Como ficou essa situação?
(Mery): Nos separamos na terça-feira, ele ficou
quarta, quinta, sexta e sábado pedindo para voltar. No domingo ele me levou em
uma loja de móveis, queria comprar de tudo para a gente morar juntos, eu disse
que aquilo não iria fazer voltar com ele. Ele me dizia, “volta pra mim, eu não
consigo comer e nem beber”. Eu respondi chorando não. Ai voltei para casa.
Na quarta ele foi na minha casa e deixou a
carteira dele e uma foto e disse, “se eu não voltar, você já sabe o que eu fiz
comigo.” Ele pensou em se matar.
Em menos de 20 minutos ele voltou com o
revólver, eu peguei da mão dele e conversei com ele dizendo que a vida dele
continua e eu sofria, pois gostava dele apesar de tudo. Mas queria dá um
desprezo e quem sabe ele mudaria e eu voltava, mas pensava muito ainda.
(Vanessa) E como ele cometeu o crime? Em público?
(Mery): Calma deixa eu respirar... (essa
entrevista foi pelo celular leitores)
Fui para o curso na quinta-feira, era o meu
último dia 12 de agosto de 2004. Fiz a prova e vim para casa, minha mãe e meu
padrasto estavam jantando e minha mãe disse, “Mery vem jantar!” e eu fui para a
mesa, ela sabia que eu estava sofrendo pela nossa separação. Bateram na porta e
eu levantei e fui abrir, era ele. Ele disse “oi” e eu oi. Ele disse Mery eu
esqueci uma toalha minha aqui e eu vim buscar, ai eu fui para o meu quarto
pegar e a minha mãe já tinha terminado de jantar e ela me disse, enche uns
litros d’água pra mim, eu disse pra minha mãe: “eu estou sentindo que o
Elinaldo (autor do crime) vai fazer alguma coisa comigo”. Minha mãe disse, “que
nada Mery, ele quer voltar com você, volta logo com ele. Você está sofrendo ai.”
Minha mãe e meu padrasto foram para a sala
assistir TV, a minha mãe o tratava como se fosse um filho. Elinaldo foi para
uma área ao lado da cozinha, ele foi brincar com a minha cachorra e eu fui para
a cozinha encher os litros d’água da janela, ele na área e eu na pia me
ajoelhei para pegar as garrafas. Da janela ele perguntou, “como você estar?” eu
disse bem. Quando olhei para a janela ele não estava, ele veio para a porta da
cozinha e disparou 2 tiros mim, ali mesmo fiquei caída e deu outro tiro fora da
casa. Até hoje não sabemos porque esse terceiro tiro.
Eu não acreditava nessas coisas espirituais, na
hora do tiro eu me enxerguei no chão, isso foi rápido. Alguns colegas da
vizinhança vieram para tentar me socorrer e diziam que eu estava morta, mas eu
não desmaiei, eu via minha mãe dizendo, “ele matou minha filha e acho que se
matou”. Foi ai que eles olharam e o Elinaldo tinha fugido e logo consegui falar
e disse: “mãe, eu tô viva me leva para o hospital.” Meus amigos me carregaram e
me levaram no carro, me deu muito sono e minha grande mãe dizia: “força filha, você
não pode dormir”. Chegando no hospital eu disse a minha mãe. “Mãe saiba que a
amo muito e se eu não chegar a falar com papai, diz para ele que o amo também e
outra coisa deixa a vida do Elinaldo, não prendem ele, por mim ele estar
perdoado.” A minha mãe logo disse que ele fugiu.
Isso eram uma 20:30 p.m., ele fugiu na hora,
mas pegaram ele indo na estrada que para a capital do Amapá / Macapá na
sexta-feira dia 13 de agosto. As pessoas queriam invadir a delegacia, então
resolveram levar ele logo para a penitenciaria em Macapá e eu fui sexta-feira
de voo para a capital também.
O caso aconteceu em Laranjal do Jari – município
que minha mãe mora, eu tive que ir para Macapá por causa dos recursos e meu pai
mora próximo.
A minha maior vontade quando cheguei em Macapá foi
em ver meu pai e dizer: “Pai se acontecer algo comigo, só fique sabendo que eu
lhe amo muito”.
(Vanessa) Seu atendimento, qual foi seu laudo?
(Mery): Quando o médico veio me ver, mandou
bater uma tomografia e me deram 0,05% de vida, pois eu vomitava muito sangue,
me deram até 12 horas para eu morrer.
Um tiro pegou atrás do ouvido e saiu no maxilar
do lado esquerdo e outro no pescoço lado direito e a bala ficou alojada na clavícula
do lado esquerdo. Eu ainda estou com a bala no corpo.
A altura da minha lesão é altíssima atingiu a
C5, C6 e C7, era para eu mexer só a cabeça.
Quando dei entrada no hospital aos poucos meus órgãos
estavam parando, mas não entendo até hoje sobre meu caso. Pois eu falava e
reconhecia todo mundo, me deram até meia noite, foi quando fui para UTI e
passei 12 dias. Quando sai da UTI fui transferida para outro hospital, lá fiz
cirurgia do meu maxilar (essa foi a única cirurgia), meu rosto ficou horrível.
Eu não dou mais aquele sorriso, pois ainda é torto o meu rosto. Passei três meses
no hospital, os médicos não sabiam o que fazer comigo. Essa cirurgia do meu
maxilar quase me matou, fiquei 12 dias sem comer, com boca trancada.
O mesmo médico que disse que eu iria morrer, me
viu um mês depois e disse que foi a minha fé que me tirou viva da UTI. Mas
disse que eu não ia sentar. Por conta própria, mandei tirar o colete e me
sentarem e eu sentei, eles não diziam nada. Deus em primeiro lugar e eu mesma
fui sendo minha médica.
Comecei a sentir meu corpo, primeiro foi meu
braço esquerdo aonde estar a bala. Até hoje sinto muita dor nele e muita dor
neuropática. No início eu gritava muito de dor e eles me sedavam, mas quando
acordava novamente a dor voltava.
Clinica Sarah - São Luís MA |
(Vanessa) E depois? Sua vida? Recuperação?
(Mery): Passei mais ou menos 8 meses tentando
me incluir novamente com a sociedade. Eu tinha vergonha de andar de cadeira de
rodas, parei com essas atitudes depois que fui paciente da clínica Sarah em São
Luís – MA. Hoje se precisasse usar, usaria até 10 cadeira de rodas...rsrs
(Vanessa) Vejo pelas suas fotos que você continuou sua vida,
curtindo sempre com os amigos. Admiro isso! E como você comentou você já ficou
grávida depois da lesão. Como conheceu o pai da sua filha? Se casou? Como foi
ser mãe cadeirante?
(Mery): Conheci o papai do meu filho eu já
estava com 1 ano e 8 meses de lesão, ele é amigo do meu padrasto. Estava
sentada na área de trás da casa, como sempre gostei de mexer em celular, ele
levou pra eu ensinar a ele mexer no celular novo. No final pediu meu número, ai
eu dei meu número e ele me ligou a noite. Nessa época eu não era muito de sair
aqui onde eu moro. Então combinamos e ele veio para a minha casa e ele trouxe
um delicioso vinho, começamos a tomar, nessa época nem conseguia segurar o copo
direito, ai ele me dava na boca rs... eu estava sentada no sofá, escutando
Roupa Nova e já estávamos trocando olhares. Ele sentado do meu ladinho pegou na
minha mão e beijou-me. Fiquei um pouco tímida na hora, mas já tinha ido a São
Luís MA a tratamento, lá conheci uma pessoa e namorei três meses gostei dele e
ficamos íntimos, mas com o pai do meu filho foi diferente. Voltando ao
encontro...me deu sono já era madrugada, ele me carregou para o meu quarto, chamou
minha irmã para ajudar, me deu uns beijos, mas era tarde para ele ir embora. Ele
ficou na sala escutando música baixinho e acabou dormindo. Quando minha mãe acordou e encontrou ele
dormindo, ele acordou e foi embora rsrs...Nesse mesmo dia ele chega aqui em
casa e pergunta, “cadê a Mery?”, no quarto. Ele entrou no quarto e ficamos
novamente, depois disso começamos a namorar. Quando percebemos já estávamos morando
juntos.
02/02/2009 |
Depois de nove meses juntos, engravidei. Foi
uma gestação desconfortável até os 4 meses, pois nunca tinha engravidado, meu útero
doía, estava crescendo o meu bebê. Quando completei 9 meses de gestação deu a
dor, mas não saia 1 cm, foi que decidiram fazer a cesariana. Ficamos quatro dias
no hospital, viemos para casa, uma família feliz e meu filho depois de um mês e
seis dias, deu uma febre, veio a pneumonia e ele veio a falecer com um mês e
onze dias.
Hoje estou solteira, eu não quis ficar mais com
meu marido. Mandava ele embora, pois sofri e sofro pela perca do meu filho,
então preferi ficar separada. Nestes 3 anos, já tive vários namorados, namorido
e nada. Só quero ser livre!
(Mery): Saio com os amigos, conheço novas
pessoas, faço fisioterapia. Não trabalho, só ajudo minha mãe vender produtos da
Natura e eu consulto os preços e faço os pedidos. Meu sonho é ter uma cadeira
que nem a sua (monobloco), ela parece ser bem leve né? E também entrar na faculdade e poder
trabalhar.
Josimery nos dias atuais. |
Galera isso sim é um história de amor, ciúme,
superação e vida. Acho que serviu de alerta para todos nós, pois não sabemos
com quem lidamos. Se você tem uma pessoa ao seu lado e ele começa com
brincadeirinhas de querer dá tapinha, corta logo, porque é assim que tudo
começa. Tenham cuidado, se você sofre agressão, denuncie. Denuncie antes que
chegue em algo mais grave como com a Mery, se nas primeiras vezes que ele já se
mostrou agressivo e ela tivesse largado, talvez hoje ela estaria contando outra
história. Não deixe que a sua história chegue como a dela chegou, a Lei Maria
da Penha estar ai, na época dela ainda não tinha. Converse com seus pais, com
seus amigos e vá em uma delegacia.
Galera se alguém puder ajudar ou conhece
alguém, vamos doar uma boa cadeira para a Mery.
Se alguém quiser entrar em contato o Facebook
da Mery. Entre em contato com ela! Click aqui!
Vamos compartilhar, para que a história da Mery chegue alguém que possa fazer essa doação e que reconheçam a história dela e procurem o causador da lesão dela. Pois ele está foragido, não compareceu para audiência.
1 comentários :
Sem palavras amei...
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