“A vida me ensinou a nunca desistir, nem ganhar nem perder. Mas procurar evoluir.”



Olá, quero me desculpar pela demora de escrever aqui. Mas estava com esses pensamentos há muito tempo na cabeça, só me restava uma idéia de começar a escrever mesmo. Sabe quando paramos para pensar na vida e começamos a escutar certos tipos de músicas que começam a fazer sentido. Quando estamos bem, não nos importamos com a letra da música. Mas quando estamos na fossa, à música começa a fazer sentido! Rssss...
Então...como todos sabem, sou cadeirante. Fiquei paraplégica devido a um acidente de moto. E nesses últimos dias tenho pensado muito nesse assunto, no que acontece em minha volta, no que acontece quando saio com meus amigos, no meu dia-a-dia que não é nada fácil. Não é fácil você depender das pessoas o tempo inteiro, quando você fazia as coisas mais simples da vida naturalmente e era independente. De o nada você acabar dependendo de todos para tudo, é a pior coisa do mundo. Sei que mesmo se a gente não estiver em uma cadeira, dependemos das pessoas para alguma coisa, mas o fato de você se tornar deficiente é muito diferente. Não gosto muito de usar a palavra deficiente, acho que me sinto inútil para tudo e para todos, meus amigos não gostam, mas prefiro me referir “aleijada” ou “aleijadinha”, não me importo com isso, é sério! Fico até meio que chateada quando meus próprios amigos não gostam que eu me refira assim, gente eu sou e não nego e nem me envergonho.



Nesses últimos dias surgiram palestras e trabalho com fotografia. Levar aos jovens nas escolas, teatro, rua, universidade e etc., o que realmente é ser uma cadeirante como lidar com a lesão, os tipos de lesão medular que conheci durante esses 6 anos, como nos prevenir de uma lesão (ex: dirigir sem cinto de segurança e alcoolizado ou não usar capacete e correr de moto), levar para todos como superei e como supero até hoje grandes obstáculos e barreiras que a vida me colocou.
Tive umas saídas e em casa tive umas experiências boas e algumas ruins, a vida não é um mar de rosas, sempre encontramos espinhos no caminho. Agora, basta você querer enfrentar e arrancar esses espinhos ou não se aventurar e arrancá-los do seu caminho. Eu escolhi enfrentar.
Consegui minha cadeira de banho rodante, com ela posso ir ao banheiro sozinha, tomar meu banho, terminar... Sem precisar ficar chamando as pessoas e dizer que acabei ou preciso ir tomar meu banho. Obrigada ao amigo Fabrício Vargas, pelo presente. Foi uma grande conquista esse ano, e o melhor presente.  E também ganhei um curso dele técnico (Estou querendo escolher o AUTOCAD 2D e 3D, quem sabe é mais um sonho a ser preste ser realizado!). As aulas começam em novembro no SENAC, estou tão feliz e satisfeita em voltar a fazer curso, minhas atividades de quando termino meu banho pego minha toalha, minha roupa, vir para o quarto sozinha... Isso tem sido uma grande satisfação em minha vida.
As independências estão sendo conquistadas aos poucos e graças a Deus com grandes sucessos e alegrias. O que me atrapalha realmente em ser independente totalmente são meus espasmos (movimento involuntário) nas pernas, isso atrapalha demais na hora do cateterismo (xixi), na hora da transferência e de me vestir. Mas quero tentar vencer mais esse obstáculo que tem sido grande em minha vida e tentar voltar a trabalhar e me tornar uma pessoa reconhecida, mas não por estar em uma cadeira de rodas e sim por ser boa naquilo que eu faço.
“A vida me ensinou a nunca desistir, nem ganhar nem perder. Mas procurar evoluir.” 
(Dias de Luta, Dias de Glória - Charlie Brown Jr.)



Essa frase da música adotei para a minha vida desde quando eles lançaram. Acho que tem tudo a ver com o que eu passo no momento.  Perdi muitas coisas nesses anos, pessoas importantes, sonhos que eu tinha antes e até mesmo depois do acidente. Achei que seria fácil, que voltaria a andar logo, que esse pesadelo iria passar rápido. Mas não, espero que tudo isso passe durante seis anos... mas mesmo assim não desisti dos meus sonhos e dos meus objetivos.
Posso demorar a superar, mas esperarei com paciência como sempre. Esperei 2 anos para poder voltar a sentar poder tomar meu banho, me arrumar, sair com meu namorado, ir aos aniversários, poder comemorar meu aniversário SENTADA... voltei minha vida social. Mas ainda não estou satisfeita, não quero ser reconhecida por poder superar estar em uma cadeira de rodas, quero trabalhar, assinar meus projetos e que as pessoas reconheçam meu trabalho e meu projeto. Eu sou uma pessoa muito otimista, quando coloco algo em minha cabeça. Eu ínsito, persisto e não desisto até conseguir. A única coisa que eu não posso mudar no destino é a morte e a velhice, o restante a gente luta contra e passa por cima.
Já venci a morte uma vez, passei por duas cirurgias de risco, vivi durante dois anos deitada sem poder me mover para nada, venci preconceito (mesmo quando me chamaram de inválida e que quem estava comigo merecia coisa melhor), venci barreiras de lugares que achavam impossível e eu subi e desci. O impossível é só uma questão de opinião, quem quer faz quem não quer arruma desculpa. E eu consegui tudo aos poucos na minha vida de cabeça erguida e com um sorriso no rosto.
Se tiver rampa ou não, eu subo e desço do mesmo jeito.
Estarei palestrando na cidade de Araruama, e estarei fazendo um ensaio fotográfico esse mês. Postarei aqui as fotos (CLARO!). É isso ai galera, desabafei com vocês o que tenho pensado esse tempo todo e o que tenho passado.
Voltarei com ótimas notícias esse mês ainda, se Deus quiser! ;)
 Se cuidem...


2 comentários :

gleicyelhe almeida disse...

Caramba incrível sua historia!!
euu li cada detalhee sabe e qnto mais eu lia,mais ficava encantada com sua palavras sabe e d+
vc e uma pessoa lindaa por fora e por dentro... Parabéns mesmo sorte dos sus amigos terem do lado uma pessoa maravilhosa assim!

Fer disse...

Vanessa sucesso ,quero estar aqui acompanhando todas suas vitórias sou sua fã..Parabéns Deus é contigo..bjs

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