Era feriado naquele sábado e acordei normal, como todos os dias. Fui ao
banheiro, lavei o rosto e troquei de roupa. Logo tomei meu café da
manhã e fui procurar meus pais. Meu pai estava sentado no sofá,
acariciando os cabelos de minha mãe, enquanto esta estava deitada no
colo de meu pai. Ela chorava muito e suas lágrimas caíam na folha em que
segurava. Não sabia que folha era aquela e a causa da tristeza dos meus
pais. Fiquei parada por um tempo tentando entender.
Eles não tinham me visto ainda. Me viram, então, quando perguntei o que havia acontecido. Eles me olharam assustados e minha mãe me deu um sorriso desanimado, tentando esconder as lágrimas. Ela me chamou ao seu encontro e eu me sentei no meio deles. Eles me abraçavam desesperadamente em silêncio. Mais uma vez insisti na pergunta. Eles me olharam bem no fundo dos olhos, como jamais haviam olhado antes e me disseram:
Eles não tinham me visto ainda. Me viram, então, quando perguntei o que havia acontecido. Eles me olharam assustados e minha mãe me deu um sorriso desanimado, tentando esconder as lágrimas. Ela me chamou ao seu encontro e eu me sentei no meio deles. Eles me abraçavam desesperadamente em silêncio. Mais uma vez insisti na pergunta. Eles me olharam bem no fundo dos olhos, como jamais haviam olhado antes e me disseram:
- Minha filha, lembra quando você me disse que não sabia a razão da queda dos seus cabelos?
Eu hesitei um pouco, mas logo me veio um pensamento triste e solene. Ela logo respondeu:
- O que quer que aconteça, eu e seu pai lutaremos com você. Você está
com câncer, meu anjo, seu tratamento começa o mais rápido possível.
Naquele momento meu coração desmoronou. Senti um nó na garganta e minha
fala falhou. Pensei o quanto reclamava da vida quando era saudável e o
quão estúpido foi. Aquele arrependimento amargurava minhas lembranças.
Enfim, abracei meus pais fortemente. Mais tarde fui internada. O ano
tinha acabado de começar e eu estava lá, com a cabeça raspada e crianças
no mesmo estado que eu, brincando como se nada estivesse errado. Eu não
conseguia ser como elas. Olhava-me no espelho e criava uma ilusão. A minha ilusão.
Foram três anos lutando contra aquela doença. Meus cabelos se renovaram
e eu estava mais corada. Não sabia se aquilo teria fim, ou se o próprio
fim fosse o problema.
Meus pais moravam praticamente comigo. Certo dia chegaram com vários
balões coloridos em meu quarto. Eu não entendia, pensava que estava
morrendo e eles ali, fazendo festa. Em cada balão havia uma letra.
Enquanto eu fechava meus olhos para descansar, desanimada, eles
prenderam os balões um do lado do outro. Quando acordei, me deparei com
uma frase: VOCÊ ESTÁ CURADA!
Meu coração se transbordou de alegria e meu sorriso se abriu reluzente.
Naquele dia percebi o valor da minha vida. Hoje posso dizer que venci o
câncer e amo a vida que tenho. Minha vida é viver. Só isso!
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